terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O COMEÇO E O FIM




Se nega se agiliza
se transpõe e enverga

Nem por isso a palavra
tem cura

O fio da tarde
resvala na loucura
na fralda da montanha
no buraco da memória

O vento que sussurra
me diz onde devo te procurar
e em tudo o que encontro
desvairio de rinocerontes a fumar

Cada momento esconde possibilidades
e múltiplos

Cada rio cabe uma ponte um tanto de luz
e sombras

Na vida que se inicia
só Deus sabe se caminhos
ou labirintos
se seguiremos nuvens
ou se colheremos ventos

Para cada um
um bocado de dor
para se aprender o significado da flor

Um rasgo na pele
para aprender a cicatrizar
um rasto de luz
para decorar como os cegos
a informe escuridão
de que se povoam fantasmas
e silêncio daonde nasce música
e estrelas


A serpente tem o veneno
e o antídoto

Na semente vem o fim
e o começo

2 comentários:

Evora disse...

Afffff
Que lindo Mulher!!
Amei!!
Babei!

Anônimo disse...

Belíssimo poema. Bem construído, alguns versos de precisão aguda.