sábado, 16 de fevereiro de 2008

Uma Mulher Sem Sentido Algum


Ela simplesmente nunca usava calcinhas. Achava inúteis. E gostava de sentar de pernas abertas. Fazia desenhos que sempre eram falos, seios, bucetas mesmo sem jamais ter visto um falo e só ter visto seu próprio sexo e o peito de sua mãe. Ela não pensava em outra coisa que não sexo. Muito antes de saber o que era o sexo, muito antes de desconfiar que sexo, dinheiro e poder movem o mundo, ela já era completamente fixada em sexo.

O tempo passou e não demorou muito para que ela simplesmente se perdesse pelo caminho. Largou a escola no primeiro grau e aos 16 anos foi internada numa casa de saúde. Dali para diante, sua vida era sempre esta: internações, remédios, mais internações, mais remédios. Seu rosto foi se deformando pelo uso de drogas tão pesadas. Seu corpo inchou. Aos 20 anos, parecia uma matrona de 50.

Continuava detestando usar calcinhas. Seus dedos sempre estavam cheirando a sexo. Ela era uma xoxota ambulante, seus cabelos lisos, escorridos, sempre em desalinho. Sua respiração arfante. Suas mãos tremendo.

Um dia fez um desenho. Ela adorava pintar, era seu único momento de paz. Neste dia, as cores a chamaram e ela se perdeu num infinito de coisas sem nome e de nomes que não diziam ao quê pertenciam. Para sorte dela, no desenho, finalmente, um lindo falo a desvirginara. Aos 22 anos, finalmente, abraçou e lambeu a um falo verdadeiro, que morava no centro de uma de suas lindas pinturas sem sentido. Seu nome era Maria Pia Batista. Aquela que a si mesma benzeu nos caminhos duros do mundo.

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