domingo, 30 de janeiro de 2011

Mais, mais, mais

É preciso algum dia transgredir alguma lei. É preciso surpreender a si próprio ao menos uma vez na vida. Ou então, tentar os esportes radicais, ler Nietzsche ao pé da letra ou Neruda ao pé da alcova, qualquer coisa que dê ânimo ao eterno retorno das contas a pagar, a fome na hora do almoço, o lanche no jantar, o sexo cheio de pudores e sem odor nenhum, a indefectível fila na hora do rush do metrô, o eterno aniversário dos dias sem sol, das noites sem lua.

É preciso mais do que mágoas para fazer rolarem as águas que nos levam, velas grávidas de vento. É fundamental atravessar o deserto da vaidade para se chegar ao oásis da beatitude. É sempre preciso mais para se multiplicar conquistas e chegar a potência do desvario. Eu que me rio, ao fim, da mediocridade dos incompetentes, da inapetência dos burgueses, antes de tudo, uns chatos.

Salve a odisséia.