quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Um Sonho dentro do Sonho


Não sei se devo ficar ou se devo ir. Mas não saber tem sido uma constante em minha vida. Fácil me perco fácil me esqueço já me pareço com nuvem faz tempo, só falta pegar jeito.


Não há nenhuma praça aqui. Não vejo crianças, não vejo brinquedos. Não vejo namorados no banco. Vejo letras enfileiradas, muitas letras enfileiradas. Fazem sentido? Não sei. A letra sem nosso afeto não existe.


O cara que faz poesia para todas as mulheres e para nenhuma em específico está lá falando de uma morena agora. O exercício literário está coincidindo de ser feito com uma morena. Eu sou morena, mas sei que não é comigo esse papo. Como é que sei? Ora, o vento já sabe, então todo mundo já sabe também. E o vento levou.


A japonesa alemã escreve letras bonitas e se a leio não tenho nenhuma pergunta a fazer. Com uma escrita tão clara, só falta o sol nascente. Mas o sol nascente só acontece na hora certa, ele nunca atrasa nem adianta por mais que o ano seja bissexto.


Amanhã é o dia a mais que conta uma história que vem dos mais antigos calendários. Uma história feita de um grande sol e de um grande planeta, os dois sempre a girar.


O planeta sou eu. O sol? É meu filho, meus sonhos tornados em carne e osso. Lembro-me de como minha mãe tinha medo que eu andasse de pés descalços, ou que abrisse a geladeira e vejo meu filho rindo, livre, sem meus medos e sem os medos de minha mãe. Para mim, fracassar seria repetir minha mãe. Principalmente, ter repetido meus medos e os medos dela em meu filho. Ele é um sol. Portanto já é outra história. Parece que dei certo mesmo dando para tanta gente errada. O filho é o seguinte: não importa quantas vezes meus sonhos tenham sido espatifados, pois bastou um homem de bem para que tudo desse certo. Quanto aos campos que me esperam as flores que ainda não vi os pássaros que ainda não ouvi cantar- eles estão lá. Eu aqui.

Vamos nos aproximar lentamente, como continentes esquecidos, como ponteiros das horas num relógio enorme de catedral. Lentamente, tudo irá acontecer, já está acontecendo. E é no mundo, não aqui, que as coisas acontecem. Aqui, letras que muitas vezes parecem exercício de não deixar escapar nada. Uma da manhã. Hora de sonhar um outro sonho.

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