quinta-feira, 10 de abril de 2014

Distantes do Cais

É preciso olhar os barcos

Adivinhar as ondas

A textura da madeira

O casco tão forte que flutua



O mais simples dos barcos

carrega oceanos inteiros


O barco é amigo das baleias dos peixes e dos botos

Sabe que o mapa não faz o marinheiro

e que o continente é muito mais que as linhas e os pontos num papel

Cada barco navega estrelas
ou as estrelas os navegam



Carregam os azuis, os verdes, os rosas

muitas luas e muitos sóis


até aquele dia último

em que saudoso das velhas âncoras

busca o sossego das pedras sem luz

no fundo do mar


terça-feira, 1 de abril de 2014

minha rede não pega peixe nem passarinho
pega letra e bytes
se eu der sorte
minha cidade tem gatos
mas é de fio e fome
não é fofo nem faz miau
sou do Inferno de Janeiro a março
caos calor e uma sede
que água não resolve
aqui não tem flor
tem aço e concreto
que chamam de progresso
quero comprar tempo
mas só vendem trecos
que viram lixo
e o troco é o medo
material que compõe uma sinfonia de angústias
que nunca se calam"