quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Que Viva Eiseinstein e que Viva Greenaway

então fui assistir o Que Viva Eisenstein do Peter Greenaway. Já tinha visto do Eisenstein os clássicos Encouraçado Potemkin e Outubro. Do Greenaway o Drowning by Numbers (Afogado em Números), O Cozinheiro, O Ladrão,Sua Mulher e o Amante e O Livro de Cabeceira.

Como costumo fazer, dou uma estudada ou antes ou depois no assunto que vou ver- quando os filmes tratam de histórias reais históricas propriamente. No caso, era o México e aquela época em que Eisenstein foi filmar o Que Viva Mexico, o próprio Eiseinstein e o cinema feito na Russia de Eisenstein.

Antes de mais nada, a história do México é muito impressionante, me deu vontade de conhecer o México. O México é muito mais antigo até que o Egito e sua história inclui uma revolução. Me chama a atenção como foi rico o México e como tornou-se pobre, como sua cultura é múltipla, enfim, acho que só vou conseguir dar conta do México se eu for ao Mexico mesmo. Vale dizer que o nome Mexico veio da civilização dos mexicas que vieram após os olmecas, os Teotihuacam e Maias. Mas ainda me falta roupa pra ir nesta festa chamada História do México. Mas que deu gostinho de quero mais, deu.

Sobre o Eiseinstein, não vou falar o que o Google pode esclacer. Como disse o próprio personagem Eisenstein no filme do Greenaway, ele não gostava da realidade/realidade. Quem gostava de Kino Pravda (cinema verdade) era seu colega Dziga Vertov. Eisenstein era um cara delirante, filmava as histórias reais mas com toques de fantasia absolutos e por isso mesmo as cenas de seus filmes se mantém na memória como sonhos ou pesadelos, mais como pesadelos. Se fosse tudo só vindo do real/real é provável que já tivesse sido esquecido.

Antes de trabalhar com cinema, Eisenstein trabalhou com teatro e sua formação incluiu arquitetura e engenharia, razão pela qual seus desenhos eram tão bons e sua linguagem realmente teatral.

O personagem do filme é absolutamente detonador de toda a fantasia stalinista de como deveria ser um cineasta judeu, comunista. A bandeirinha no traseiro para comemorar a revolução e a perda da virgindade de Eisenstein é o cúmulo da iconoclastia de Greenaway, por quem nutro profunda simpatia- agora mais do que nunca. Minha crítica ao filme é o excesso de HDR na fotografia, mas provavelmente isto só quem é fotógrafo vai ver. Eu achei over. Não eram assim os filmes do Greenaway que vi antes, embora Greenaway seja sempre um cara exagerado. Só que desta vez, como rolavam muitas cenas ao ar livre, acho que ele se perdeu no HDR. Nada contra o HDR, eu também uso, mas não uso o tempo todo e acho que Greenaway não precisaria de tanto HDR nas fotos ao ar livre. Outra coisa que ele exagerou foi num recurso que não sei que nome tem, mas tem sido muito usado, nós mesmos usamos para filmar/fotografar o lugar de nossa exposição de 2015, o giro panorâmico em 360 graus. Toda hora tem giro panorâmico de 360 graus no filme. Outra coisa que poderia ter sido mais sutil.

Mas é um belo filme. Vale a ida ao cinema. Comovente personagem, história triste e bonita. Tem toques engraçados, mas eu não chamaria de comédia nem a pau.

#quevivaeiseinstein #petergreeaway #quevivamexico

domingo, 17 de janeiro de 2016

Entre o Tigre e o Eufrates Num Jardim de Absurdos

O tigre se aproxima lentamente
Come uma rosa duas rosas três
Sacia-se de sonhos
De suas listras desenham-se outros jardins
Por onde caminho sendo eu mesma
Ervas árvores cercas e montes
Há um arame farpado em meu corpo
E tudo está a venda
Em papel celofane cubro toda a paisagem
O tigre nela não se vê
Fugiu
Como fugiram os pássaros
E depois os homens
Ficam os cupins
Até que nem eles
O fogo canta num incêndio
Sacrifício aos deuses
Desnecessário
Se apenas víssemos alguma coisa diante de nosso nariz
Só que não
Nada vemos
Queremos tudo
Enquanto as paredes se enchem de manchas
E nossas mentes de fotografias
Tudo é passado
Até mesmo o futuro
Vivemos numa encruzilhada
Entre o Atlântico e o Pacífico
Somos tudo desde o início
Sendo assim
Não sobra nada
Não há espaço
Apenas vertigem
E cansaço