domingo, 17 de janeiro de 2016

Entre o Tigre e o Eufrates Num Jardim de Absurdos

O tigre se aproxima lentamente
Come uma rosa duas rosas três
Sacia-se de sonhos
De suas listras desenham-se outros jardins
Por onde caminho sendo eu mesma
Ervas árvores cercas e montes
Há um arame farpado em meu corpo
E tudo está a venda
Em papel celofane cubro toda a paisagem
O tigre nela não se vê
Fugiu
Como fugiram os pássaros
E depois os homens
Ficam os cupins
Até que nem eles
O fogo canta num incêndio
Sacrifício aos deuses
Desnecessário
Se apenas víssemos alguma coisa diante de nosso nariz
Só que não
Nada vemos
Queremos tudo
Enquanto as paredes se enchem de manchas
E nossas mentes de fotografias
Tudo é passado
Até mesmo o futuro
Vivemos numa encruzilhada
Entre o Atlântico e o Pacífico
Somos tudo desde o início
Sendo assim
Não sobra nada
Não há espaço
Apenas vertigem
E cansaço

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