quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sobre As Belas Paisagens e eu

Não gosto de olhar paisagens por muito tempo. O azul é lindo, as pedras são lindas, as montanhas são lindas, o mar é lindo, as praias são lindas: mas além de serem lindas, não acontece nada.

Sim, viajo milhões de quilômetros em busca destas paisagens ideais, maravilhosas, dignas de poesias. Mas depois de olhá-las por uns cinco minutos, já presto atenção em outras coisas. Sou uma herege por natureza.

Se ao menos as pedras abanassem o rabo, se as montanhas sorrissem para nós, se os céus chorassem de verdade, se o mar dançasse, se as praias falassem talvez conseguisse ficar por mais de dez minutos olhando.

Penso que talvez as pedras abanem o rabo, as montanhas sorriam, os céus chorem, o mar dance e as praias falem- se justamente os olharmos por séculos. Talvez algumas horas bastem, mas para isso teria eu mesma de ser pedra, céu, mar ou praia. Na pior das hipóteses, uma árvore. Ficar parada por horas só olhando: é coisa de árvore.

Um iogue é quase uma árvore. Eu sou gente. Logo, me distraio.