terça-feira, 21 de outubro de 2008

Por Que Não?


Por que não aparece um político tendo como plataforma celebrar todos os dias? Por que não é decretado que se deve, a partir de hoje, abraçar ao vizinho, ajudar os idosos, brincar com as crianças, dar alento aos doentes? Por que não se torna uma lei federal o direito ao pão e a alegria a cada dia?

Quero viver num país onde ninguém seja tão pobre a ponto de não ter dignidade ou tão rico a ponto de não ter fome de amor. Quero um país onde a escola, além de ensinar as matérias úteis à vida prática, ensine a gentileza, o cuidado de si e a perfeita noção de que somos parte de um todo e que ninguém será feliz enquanto todos não puderem ser felizes.

De que me adianta ler tantos livros se há quem nem saiba ler? De que me adianta ter tanta coisa se há quem abandonado a própria sorte, sem saúde nem esperança, não tenha nem um nada para se agarrar no momento de dor?

É preciso, urgentemente, que possamos acreditar que cada um faz diferença e que juntos podemos construir um mundo melhor. É preciso tomar as rédeas da própria vida e das próprias responsabilidades. Não desanimar frente aos obstáculos, mas principalmente, preferir agir a reclamar, preferir dar soluções a criticar, e preferir criticar a se acomodar.

Precisamos de uma injeção de coragem, mas principalmente, precisamos de uma injeção de civilidade e consciência de que hoje, somos muitos milhões de homens e mulheres, vivendo excessivamente próximos uns dos outros- de uma forma assim, tão extrema de proximidade- que acabamos por criar distâncias intransponíveis. Entre meu credo e o seu. Entre minhas coisas e as suas. Entre minha gente e a sua.

Precisamos nos unir. Não nos juntar. Juntos, já estamos. Só falta termos a consciência de que eis aí, um fato definitivo: vivemos amontoados, uns sobre as cabeças e os corpos dos outros.

Vivemos amontoados e sem termos mais a menor idéia de como funcionam os motores que nos levam para cima e para baixo ou como podemos cuidar de nós, sem precisarmos entregar nossa vida aos especialistas disso e daquilo.

Quero viver num lugar onde cada um busque saber mais e melhor sobre si, sobre o mundo e ninguém faça de conta que não é consigo esse papo de ter responsabilidade social.

Todas as fronteiras desaparecem quando surge o caos. É o Estado que é chamado a intervir quando o mercado enlouquece e quebra. Sabendo disso, é hora de nos tornarmos mais humanos e mais amorosos. Amor, este sentimento que cria pontes e faz novos entendimentos.

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