sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A Dura Vida dos Coxinhas SA




Demorei pra entender o que afinal era “um coxinha”. Pra mim, coxinha era um pedaço do frango- ou da galinha, ou ainda uma referência erótica estilo “deixa nas coxinhas?” Na fase de pesquisa em que mergulhei desde junho de 2012 que passa pelo Hobsbawn, Elio Gaspari, Umberto Eco, Assange e Richard Clarke pra tentar entender a conjuntura atual não custava nada eu descobrir o que era coxinha, afinal, se estou atrasada nas leituras de Freud, atrasada e meia. A Prioridade Máxima é entender em qual planeta eu vivia antes e em qual planeta estou agora.


Há uma música de um paulista muito legal que explica o que é Coxinha e basicamente Coxinha é aquela criatura de classe média que não chega nem a ser tão estuprada quanto o pessoal das favelas mas tampouco tem a boa vida do playboy do filho do Sheikh. É a pessoa que mesmo que tenha votado no Freixo, num gesto de intuição política magnânima, ninguém acredita e acha mesmo é que votou no Cabral. Afinal, alguém necessariamente votou no Cabral porque o sujeito não pode estar lá por obra e graça do Divino. Quem melhor para ser acusado de ter votado no Cabral do que o desinfeliz do Coxinha? Então toma Coxinha. Você votou no Cabral, no Alckmim, você só faz besteira. Não votou? Problema seu. Você é forçosamente leitor da Veja, passa 24 horas assistindo ora Ana Maria Brega ora Faustão e na melhor das hipóteses quanto à sua des-consciência política você assiste Globo News.


Não adianta jurar que é leitor da Carta Capital. Não adianta esputricar que adora a Piauí, a Trip, que fumava um na juventude e que até mesmo agora, naqueles sábados que os amigos param de trabalhar e te convidam pra um churrasco você alegremente ainda dá um pito. Nananinanão. Você é um traidor da classe operária, historicamente sempre foi. Antes traiu a classe operária e agora é um sádico que ri da prisão da Sininho e que jamais se preocupou com a família do Amarildo. Você é o câncer da sociedade brasileira pois fica um pouco entediado com assistir os vídeos que o pessoal compartilha.facebook.com.br e fica se perguntando, bolas, por que afinal eles ficam falando durante as filmagens? Por que não só filmam em vez de ficar falando sobre o que filmam? As imagens falam por si só, mesmo quando tremem, mesmo quando mal enquadradas. Precisa do “Covarde” aos berros por parte da pessoa que filma? Precisa da gritaria que acompanha as pessoas que já gritam por fugirem da polícia? Seu esteta porco capitalista cale-se já. O que vale é a mensagem ser clara entre o transmissor e o receptor. Dane-se a gramática. Dane-se a estética. Dane-se você e seus pensamentos pequeno burgueses.


O Coxinha senta na calçada e chora. Suas lágrimas de crocodilo não comovem vivalma. Novas Esquerdas e Velhas Esquerdas o desprezam, a Direita- que é atemporal- faz-lhe um cafuné com uma mão enquanto com a outra o esfola vivo. O Coxinha nasceu para trabalhar, pagar impostos cada vez mais altos e ficar cada vez mais escravizado ao seu trabalho/estilo de vida Coxinha. Dos Grandes Empresários os impostos sempre são suaves. O Coxinha paga o que tem e o que não tem. Quando reclama dizem-lhe: quem mandou ganhar mais de 3 salários mínimos por mês sua besta? Agora paga! Paga e dê graças a Deus por pagar. Seu mão de vaca. Pessoa obtusa, alma sebosa que nunca teve talento suficiente para ganhar dinheiro de verdade como empresário e tampouco tem o bom senso de ser verdadeiramente pobre para assim gozar da simpatia de todos por ser uma vasta maioria tupiniquim.


De um Coxinha jamais se sabe o nome. Ouve-se dizer que teve seu pequeno comércio todo depredado, perdeu tudo por estar na contramão dos tempos. A companhia de seguro não cobre revoluções. E o Mano Cae e a Pila Lasanha não ajudam sua família a sair do buraco. Não existe tal coisa como alguém se compadecer da triste sina de um mero Coxinha. A História sempre devorou Coxinhas. Que geralmente erram nas suas posições histórico-políticas. Se devem aplaudir Pedro, aplaudem João. Se devem aplaudir João, aplaudem Pedro. O Coxinha têm olhos que vêem miragens, mesmo que estas miragens sangrem e gritem suas três dimensões.

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