quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Mulherismos e Delicadezas




Vocês homens pensam que nós mulheres quando choramos por vocês estamos dependentes da sua boa vontade para sermos felizes? Já ouviram a expressão popular “quem não chora não mama”?

Como vocês pensam que conseguimos o direito a pensão para nós e nossos filhos em caso de separação? Mantendo os olhos secos?

Parecendo frágeis, galgamos de volta na civilização um lugar que em verdade, sempre foi nosso por direito: o de junto aos homens- vocês, os bravos e os fortes- decidir os destinos das nações e do mundo.

Foi chorando e falando grosso quando precisamos que aqui chegamos. Nós, as tão frágeis. Nós, as donzelas. Nós, as carentes.

Nosso lugar hoje não é o melhor do mundo, mas não há tal coisa como o “melhor de todos os lugares” ou a “melhor de todas as condições”. Há o lugar onde os passos levam. Nunca este é o ideal. É o lugar mais próximo ou mais distante de onde queríamos chegar. E nós, mulheres do mundo, chegamos.

Vocês homens realmente acreditam em nós quando dizemos que não podemos viver sem vocês?

A natureza nos proveu de corpos que são suficientemente fortes para encararmos tudo o que for necessário. Se precisarmos dormir ao relento, dormiremos. Se precisarmos trabalhar no sol ou na neve, trabalharemos. Seremos capazes de cuidar de nossos lares e de nossas crias. Talvez nossa maior dependência seja justa recaia justamente sobre nossas iguais: outras mulheres. E, mesmo esta, quando queremos, superamos.
Não temos um saco escrotal que precise periodicamente ser esvaziado, provocando urgências na busca de parceiros sexuais ou alívios imediatos pela masturbação. Sim, nos masturbamos. Porque queremos, não porque tenhamos urgências da espécie dos machos. O sexo em nós tem particularidades que nem mesmo nós somos capazes de entender. Mas certamente, qualquer mulher é apta a se dominar. Numa guerra, jamais se estivéssemos no poder, violentaríamos homens em busca de satisfação imediata.

Mulheres estuprando homens indefesos e não desejosos de sexo? Só mesmo homens para imaginar tais feitos. Nós, quando escrevemos personagens ou histórias, fazemos outras tramas e outras imagens. Claro que numa brincadeira poderemos fazer este papel, mas ele é só um papel.

Nós somos todas Dominatrixes. Simplesmente porque antes de mais nada, mesmo quando nossos corpos envelhecem nunca nos tornamos as cínicas que vocês quando velhos se tornam. Nós, nunca deixamos de amar ao semelhante, coisa que vocês homens, por qualquer tranquinho amoroso, já se tornam definitivamente incapazes. Somos sempre adolescentes, buscamos amor, queremos sonhos.

Nossa força soberana vem de nossa fragilidade e de nossas flutuações hormonais. Do sangue que se esvai todo mês, nosso corpo se limpa e nossa energia se renova. É de nossas agruras e padecimentos que vem toda nossa força.

Precisamos de vocês metaforicamente. Precisamos de vocês para serem os cavalheiros de sonhos, príncipes encantados. Ao contrário de vocês, podemos ter profundo e verdadeiro tesão mesmo num corpo barrigudo, pelanquento, fedido, careca: basta que o desejemos. Se quisermos, se precisarmos se nós sentirmos amor, nós teremos tesão no mais tenebroso macho.

Qual de vocês homens pode realmente ver o pau subir sem Viagra em condições tão adversas?

Cuidem-se homens. O tempo de vocês passou. E, por mais que pareça que a mulher nunca esteve em piores condições, pensem bem: são somente na liberdade que se podem construir os verdadeiros castelos, os castelos de nossa existência.

Nossa verdadeira força sempre vem de nossa fragilidade. Somos românticas, somos frágeis. Quanto mais românticas, mais frágeis. Quanto mais frágeis, mais verdadeiras e mais tenazes.

Homens olhem os lírios do campo, já lhes disse o maior de todos os homens e o maior de todos os filósofos: Jesus. Talvez sejam lírios do campo que resistam as cagadas que estamos fazendo no planeta e durem mais do que todas as grandes e fortes espécies. Aprendam um pouco com os lírios e deixem vossa empáfia de lado que de nada vos serve.

Ou será que num embate existencial com uma mulher vocês homens estão reduzidos a vossa empáfia?

Triste sina a do cínico e a do orgulhoso. Viver a vida protegendo-se dela. Viver dias e noites do lado do oásis sem poder dele retirar o que mata a sede. Pois tudo o que o ser humano precisa é de amor, amor verdadeiro. Solidariedade profunda e real, muito além das gentilezas sociais.
RESUMINDO:
2/3 dos lares brasileiros hoje são governados e bancados por mulheres. Obviamente, isso teve alguma repercussão no comportamento geral da família brasuca. Um destes é que hoje as mulheres traem também. Não só os homens.

Isso quer dizer que somos iguais aos homens? Não. Quer dizer que podemos hoje exercer nossa sexualidade com maior liberdade que antes. Liberdade que resultou da nossa própria capacidade de trabalho e autonomia geral.

Nossa sexualidade é particular. Nosso tesão igualmente. Nossa urgência sexual é de uma natureza diversa da do homem. Nós precisamos urgente de romances, de relações.

O fato de estarmos par e par com os homens em vez de resultar numa melhor relação entre homens e mulheres resultou no homem médio ficar extremamente inseguro, talvez porque na sociedade e na economia o papel deste mudou. No engraçadíssimo Ou Tudo Ou Nada, fica patente a situação do homem moderno, desempregado e sem noção de qual é o seu lugar histórico na sociedade contemporânea. Alguns homens, inclusive preferem ser cruéis e sacanear mulheres nas suas fragilidades (necessidade de romance) do que em viver com elas.

Isto tudo está dito no texto de uma maneira mais poética, falo sobre esta frase "eu não vivo sem você". Esta frase a tradução é a seguinte: meu amor faz com que eu não deseje viver sem você.

Cadê a falácia? Poesia não é falácia.

Para muitos homens, isto é acreditar em Papai Noel. Curioso pois eu convivo com um homem que me engravidou, me assumiu, casou comigo, separou de casa e continua comigo. Gosta de mim como eu sou, me respeita, e só abre mão de mim se existir um outro homem como ele na minha vida. Acho que homens assim existem. Muitos. O suficiente pra cada mulher que realmente deseje uma vida suficientemente honesta.

Um comentário:

Gê! disse...

MULHER!

Que grande força traz este Ser, por vezes pequeno e aparentemente frágil....

Mulher, que do teu ventre fez-nos viventes, homens carentes e dependentes.

Ah, Mulher!
És vencedora em todos os nossos sentidos; escraviza-nos com tua ternura, sensibiliza-nos com os teus gestos e carinhos, pois tua sabedoria é infinita.

Mulher, não te desejo nem abaixo e nem acima, mas sempre ao meu lado, valorizando minhas pequeninas vitórias; minimizando meus grandes fracassos, pois não há neste mundo Ser mais sábio e valente que tu, mulher.

A profanação do teu corpo, faz-me sentir grande; Deus ou Grande Deus, uma vez há um sentimento sagrado guardado dentro do peito, do meu peito, dentro do meu coração, afinal, nele está o mistério da criação, a ele foi reservado e confiado, o início da nossa existência e, por ele torno-me homem forte; bravo guerreiro e sonhador, mesmo que cá dentro do peito nada reste senão um menino perdido e confuso diante de tudo, diante do medo de Ser!

Mulher, como é doce o teu nome; necessária e precisa tuas palavras são.

Força estranha que nos une...Quem sabe, no fundo, não sejamos um só em corpos separados?

Mulher! Ser mais lindo neste mundo não há.

Carinhosamente,
Gê!