domingo, 23 de novembro de 2008

Tamagoshi, O Blog


Se não dá comida, o bicho evapora... Então, deixa-se de viver para escrever, ou se vive escrevendo? Porque ou bem vou à praia, ou bem venho pro computador. Computar a dor. Porque existir sempre dói, de um jeito ou de outro. Dói até quando se ri. Porque rir é muitas vezes apenas outro jeito de não chorar ou mesmo de chorar de forma tão camuflada que se dá muitas gargalhadas.

Tenho um sonho. Mal vejo seus contornos. É um sonho de ser total. Como o da flor que com a borboleta faz laço de fita, como ser chuva, uma menina molhada que desobedece a mãe e não sai da rua, a brincar.

Quero que teus olhos não persigam minhas letras. Olhe lá fora, vê a luz? Ouve a vida? Sinta esse cheiro de vivo. Tudo o que é vivo respira e tem cheiro. Mesmo que seja entre esgoto e detritos, havemos de conseguir pintar uma aquarela e fazer beleza que resista. O verso verdadeiramente livre nunca foi escrito, está nas bocas a passear suas lonjuras.

Quero cantar, romper limites entre a canção e o cantor, dissolver o bom senso, que só vê quando não escuta palavra alguma. Quero ir lá, onde ninguém está, só eu. Cada um persegue a si mesmo do jeito como mais lhe apraz, eu sei muito bem que as leis foram feitas para serem burladas tal como os muros para serem pulados.

Ser a pedra que rola, ser quem canta e dá a luz. Explodir em mil letras e deixar que o meu sentido seja em vez de explicação, sensação. Em vez de direção, ação completa. Arte é pra isto: perder-nos de tal forma que no fim, encontremos este nada tão precioso que, no entanto fazemos questão de perder todos os dias.

Eis que viver é disto mesmo que se trata. Não sei responder tuas perguntas. Sei ser minhas respostas. Nada além.

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