segunda-feira, 4 de agosto de 2008


Há dias que não acontecem.


Dias que se está perdido, que nenhum mapa te guia.


O corpo aqui padece. Gripe. Água por todos os lados. Um beijo contaminado de vazio. Quero estar, quero querer – e não quero nada. O que fazer? O mundo nem sempre cabe em palavras. O próprio amor, não cabe em suas quatro letras – pois se às vezes é ódio, é caos, outras é a ordem dos objetos, cada um ensolarado de sua presença. Talvez o amor seja a medida do absurdo ou vice-versa. O amor foi feito para versos, canções, tudo o que é passarinho. Bichos feito de plumas, carne e sangue, carregados de milagres onde fazem seus ninhos, eles que são vôos.


A memória se esvai. O céu fica. E nos cobre a todos – o céu que se estrela fosse, seria estrela guia. A mãe está sempre à esquerda de todos os nossos medos até porque é ela que nos reza. Nem sempre a vida faz sentido. Ela passa. Sem que a gente sinta. Um anjo dita o silêncio das coisas. Para que estas apenas sejam. Pequenas ou grandes. Suas vontades de coisas que são.


As melhores coisas sempre serão inacabadas. Um dia, apenas um dia – e nunca mais. Parece absoluto. Ás vezes até é. Mas se espremer um pouco, ainda sai lágrima, ainda é vento, ainda está vivo. Por isso nunca se aproxime demais das coisas mortas. Elas são pó. Pó cheio de dúvidas e dívidas. O pó enamorado. Tocado pela vida e pelo milagre. Como é que agora vou dar beijo na boca estando tão gripada? Te quero. Mas estou fazendo água. Desejo adiado será que afunda navios ou emerge ilha deserta onde finalmente, o corpo se entrega ao mar onde apenas a letra A lhe completa?

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