É no mínimo curioso como a gente vive na cidade. Os jornais quando usam a palavra violência se referem à assaltantes, à brigas. Não se considera violento o progresso que destrói culturas por onde se instala. Não se considera violento o processo urbano onde aqueles que não têm ninguém que os indiquem para trabalhos "oficiais" no mercado de trabalho vivem por aí nos seus pequenos expedientes marginais. O pobre que simplesmente abaixa a cabeça e aluga a cadeira para o turista sentar é desconsiderado na equação da violência onde só é chamado de violência o arrastão onde o pobre tenta levar a carteira do turista e não tudo o que entra no jogo até surgir o arrastão.
A cidade é toda violenta. Das grandes estruturas arquitetônicas- os edifícios cada vez mais altos- que fazem com que cada um se sinta tão pequeno até a velocidade dos sinais que nunca demoram tempo suficiente para um idoso ou doente atravessar a rua, passando pela inviabilidade de se permitir que as nossas crianças possam brincar nas ruas livremente porque os carros são em cada vez maior número e cada vez mais velozes- tudo é de uma violência extrema. Uma violência extrema chamada de cidade, onde mudam os nomes- Rio de Janeiro, Paris, Nova York, Tokio- mas o medo impera em cada uma delas porque o medo surge na medida exata da violência. Um dos nomes da violência? Progresso. Outro nome da violência? Capital.
Tic Tac. Tic Tac. Tic Tac. Às vezes a bomba relógio explode, como os bueiros de Copacabana.
domingo, 5 de janeiro de 2014
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Um comentário:
Acontece Cynthia, q somos frutos da violência. A dor é presente, do nascimento ao advento da primeira experiência "sexussensorrial". Do parto à perda do cabaço somos complacentes com a violência, desde a placenta-mãe e seus links umbilicais, adjacências, tantas coisas e tais...
Engraçado é essa teimosia em enxergar a "violência" sempre longe de nossos quintais. Neles só queremos o suco q germina da terra, o olor de canteiros, de janeiro à janeiro...
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