Dá para rir em Álbum de Família? Resposta: riso nervoso. Álbum de Família é aquele filme feito para o ator ganhar o Oscar de Melhor Atriz mas para se pedir a Deus que varra de vez as famílias do planeta. Infelizmente, nunca foi exagero a frase de Nelson Rodrigues sobre as famílias: toda família tem um momento em que começa a apodrecer. Toda família tem uma tia feito a Mattie Fae (Margo Martindale) doce com o mundo mas cruel com o próprio filho, uma chata feito a Karen (Juliette Lewis) que não consegue atinar com o fato de ouvir um pouco aos outros não faz mal a ninguém e muitos tios tarados como o Steve (Dermot Mulroney). Mas, principalmente, muitas mães cuja metáfora mais carinhosa seria “ela é como uma hárpia.
É inevitável, a cada vez que o personagem Violet (Meryl Streep), a matriarca, toma mais uma das suas zilhões de pílulas, desejamos que a megera morra de vez em lugar de encher o saco. Não dá para ter condescendência com uma viciada em barbitúricos que é tão cruel e tacanha com o vício e idiossincrasias dos outros. Além do quê, Violet é preconceituosa, não consegue fazer nada- por estar sempre doidona, caindo pelas tabelas- depende dos outros para um tudo e entretanto, como pessoa egoísta e mal agradecida, não percebe nada de si mesma, só dos outros. Eu conheço gente assim. Acredito que você também.
A tradução do título do filme é infeliz, pois remete à peça de Nelson Rodrigues que é infinitamente melhor que este filme, adaptado de uma peça de teatro cujo nome é August: Osage County.
O que há de realmente fabuloso no filme são as fotografias que esquentam o verão desta casa infernal onde a trama acontece. A outra coisa realmente boa de fato é o elenco. Entretanto, enquanto drama, quem tiver lido Album de Família do Nelson vai querer enviar uma tradução para o Inglês de nosso autor ao Tracy Letts. Tracy Letts é bom, mas ele não explora as razões para que cada personagem seja como é e tudo fica casual demais, desgarrado demais e para que exista pungência nos diálogos ele recorre ao exagero. O que faz o filme cair para o drama mexicano.
Não por acaso, o melhor momento do filme é quando um personagem coadjuvante, Little Charles, toca ao piano uma música que compos para sua amada Ivy. Um refresco na falação sem fim que dá nos nervos do espectador.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
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