Amor. Amor é bacana. Amor é lindo. Amor é algo fantástico. Mas tem algo que me incomoda, não no amor, mas na forma como muitas pessoas- aliás, talvez toda nossa cultura- vê o amor.
O primeiro absurdo: que não se pode viver sem amor.
Se você não respirar por alguns minutos de fato morre. Se você ficar sem comida por algum tempo de fato morre. Se você ficar sem água por algum tempo de fato morre.
Estas são as únicas coisas que sem as quais alguém morre se estiver sem. Todas as demais são "plus" na vida, coisas que se por alguma razão você ficar sem a vida será mais sem graça, ou mais desconfortável, ou mais monótona mas você continuará vivo.
Falo isso porque pessoas matam porque um belo dia vêem seu amor indo embora com outra pessoa. Falo isso porque pessoas se matam quando são deixadas pelo seu amor.
É preciso que se diga e até que se diga muitas vezes: amor não é tudo na vida. Há muitas outras coisas boas, bonitas, fantásticas no mundo.
Estar só e ser feliz é possível sim.
Não é porque não se tem um amorzinho, aquele par para se olhar estrelas que se deva desistir de ter amigos, de fazer coisas bonitas ou boas. Quantas vezes vou eu fotografar estrelas sem par algum. Olhar estrelas não depende de termos namorados. Basta ter olhos de ver. E, se quiser fotografar, uma máquina e a técnica de fotografar estrelas e depois editar a foto. Simples. Indolor.
Não estou aqui fazendo pouco do amor. O que estou é escrevendo para estas pessoas- que são legiões- desesperadas porque perderam o amor, porque não têm amor, porque não encontram amor e se desesperam- que amor definitivamente não é a única coisa gostosa que se faz na vida.
Só pensar no amor ao outro como objetivo e razão de viver chego a ousar dizer que é falta de imaginação e criatividade.
Talvez realmente fundamental seja o amor a si mesmo. Ou gostar das próprias rotinas.
Por amor a si mesmo, a própria pele, se inventar coisas divertidas, boas, dignas para se fazer.
Mas jamais matar ou morrer por amor. Isto é um pouco over. Afinal, se Mariazinha Josefina foi embora, há tantas outras Marias, há tantas outras Lúcias, há tantas outras Beatrizes, há tantas outras Carolinas. Vai matar por que uma não lhe quer havendo outras tantas? Ah, mas Mariazinha Josefina é a única que sabe fazer pinturas com a fumaça do seu cigarro. Ok. Eis um talento raro. Mas não se esqueça que Lúcia sabe falar na língua dos Elfos. Que Beatriz sabe nadar com os golfinhos. Que Carolina entende bebês que não falam. Todos nós temos algum talento raro. Então perder uma namorada não quer dizer perder a habilidade de se fazer gostar e de seduzir.
Se só Mariazinha Josefina caiu na sua cantada, está na hora de se tornar alguém mais interessante e aprender novas cantadas. Não de matar o cara por quem Mariazinha Josefina se apaixonou.
Hora de se reinventar e ser feliz.
quinta-feira, 30 de junho de 2016
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