Serpentinas
Purpurinas
Violetas, douradas, prateadas, azuis, vermelhas e rosas
Não há cor que não caiba no carnaval
Não há música que não se cante
Não há história que não brilhe
Não há chuva ou sol que nos impeça
De até ao fim
Seguir nossa alegria
Até de muletas vale a pena sambar. Mas não é só em mexer o corpo que se resume o carnaval. Nem na cuíca, no surdo, no tamborim ou mesmo na cerveja, no confete, na serpentina e no carro de som.
O carnaval começa no sonho. Sonho de colombina, bailarina, odalisca, mulher maravilha, Zorro, Pirata, Homem das Cavernas ou Super Homem. Começa nas sombras dourada, rosa, azul, violeta, nas estrelinhas e na purpurina. E o carnaval não acaba na quarta feira de cinzas porque a purpurina e as estrelinhas ainda rolam pelos tapetes, grudam nos lençóis, nos tacos de madeira, nos azulejos do banheiro, nas coisas da casa por muitos dias. Ás vezes se encontra uma estrelinha carnavalesca que por pura teimosia grudou num sapato que nem se usaram no carnaval muitos meses depois.
Carnaval não se explica. Como não se explica a magia do cinema, do teatro, do balé ou dos desfiles de alta costura. Tudo isso se sente, se experiencia.
O carro de som atrapalha o carnaval? O calor atrapalha o carnaval? A cidade fede e fica imunda no carnaval? Sim. E a cidade canta, dança, fica colorida e vira sonho por quatro dias e noites inteiras. Estranhamente, quem sabe um dia poderá associar os cheiros desagradáveis ao carnaval e isso tudo virar parte da nostalgia da coisa num ponto do futuro objetivo e anticéptico.
Quantos meninos e meninas deram seu primeiro beijo no carnaval, graças a sabe-se Deus qual artefato de desejo e vida que se planta nos corpos? Mulheres feias encontram seu Príncipe Encantado, desesperados encontram esperanças, aleijados andam, fazem-se milagres seguidos de ressaca e até de esquecimento. Será mesmo que fiz isto, questionam-se os foliões ao fim. O que vale é no ano que vem estar de novo lá.
Seguir o bloco, bater fotografias, acompanhar o samba e não se esquecer que um dia houve corsos e marchinhas, frevos e sombrinhas. Mais uma vez, leva um ano inteiro pra sair toda a purpurina e é muito difícil se acreditar no discurso racional e moralista que tenta inutilmente espantar para o além a alegria infantil que nos caracteriza como povo brasileiro. Sonharemos, todo ano em sermos a rainha da bateria ou o mestre sala da folia, quer achem certo ou errado, bonito ou feio a força que nos arrasta aos cordões.
Este ano, quem sabe, aprendo pandeiro. Ou a andar de patins. Porque tudo combina com esta festa da carne, do suor, da alegria chamada carnaval.
No carnaval, finalmente entendemos e tiramos doutorado em democracia. Qualquer arlequim ganha um beijo da rainha de sabá.
Purpurinas
Violetas, douradas, prateadas, azuis, vermelhas e rosas
Não há cor que não caiba no carnaval
Não há música que não se cante
Não há história que não brilhe
Não há chuva ou sol que nos impeça
De até ao fim
Seguir nossa alegria
Até de muletas vale a pena sambar. Mas não é só em mexer o corpo que se resume o carnaval. Nem na cuíca, no surdo, no tamborim ou mesmo na cerveja, no confete, na serpentina e no carro de som.
O carnaval começa no sonho. Sonho de colombina, bailarina, odalisca, mulher maravilha, Zorro, Pirata, Homem das Cavernas ou Super Homem. Começa nas sombras dourada, rosa, azul, violeta, nas estrelinhas e na purpurina. E o carnaval não acaba na quarta feira de cinzas porque a purpurina e as estrelinhas ainda rolam pelos tapetes, grudam nos lençóis, nos tacos de madeira, nos azulejos do banheiro, nas coisas da casa por muitos dias. Ás vezes se encontra uma estrelinha carnavalesca que por pura teimosia grudou num sapato que nem se usaram no carnaval muitos meses depois.
Carnaval não se explica. Como não se explica a magia do cinema, do teatro, do balé ou dos desfiles de alta costura. Tudo isso se sente, se experiencia.
O carro de som atrapalha o carnaval? O calor atrapalha o carnaval? A cidade fede e fica imunda no carnaval? Sim. E a cidade canta, dança, fica colorida e vira sonho por quatro dias e noites inteiras. Estranhamente, quem sabe um dia poderá associar os cheiros desagradáveis ao carnaval e isso tudo virar parte da nostalgia da coisa num ponto do futuro objetivo e anticéptico.
Quantos meninos e meninas deram seu primeiro beijo no carnaval, graças a sabe-se Deus qual artefato de desejo e vida que se planta nos corpos? Mulheres feias encontram seu Príncipe Encantado, desesperados encontram esperanças, aleijados andam, fazem-se milagres seguidos de ressaca e até de esquecimento. Será mesmo que fiz isto, questionam-se os foliões ao fim. O que vale é no ano que vem estar de novo lá.
Seguir o bloco, bater fotografias, acompanhar o samba e não se esquecer que um dia houve corsos e marchinhas, frevos e sombrinhas. Mais uma vez, leva um ano inteiro pra sair toda a purpurina e é muito difícil se acreditar no discurso racional e moralista que tenta inutilmente espantar para o além a alegria infantil que nos caracteriza como povo brasileiro. Sonharemos, todo ano em sermos a rainha da bateria ou o mestre sala da folia, quer achem certo ou errado, bonito ou feio a força que nos arrasta aos cordões.
Este ano, quem sabe, aprendo pandeiro. Ou a andar de patins. Porque tudo combina com esta festa da carne, do suor, da alegria chamada carnaval.
No carnaval, finalmente entendemos e tiramos doutorado em democracia. Qualquer arlequim ganha um beijo da rainha de sabá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário