Ai que me dá alergia toda essa caretice...
Posso não saber o que quero, mas sei direitinho o que não quero.
Não quero nem a menor nem mais remota proximidade com quem acha elegante o tailleur bege, que faz questão de ter conjunto de sapato e bolsa, que o comprimento da saia ou do cabelo tem de ser de acordo com a idade da pessoa.
Tenha santa paciência. Meu desejo é meu, antes de tudo e sobre tudo. Não uso calcinha todos os dias. E não to nem aí pro fato de se isso é de acordo ou não com a minha idade ou posição social.
Já passei da idade de carregar bandeiras e todo mundo já entendeu que sou uma metamorfose ambulante, além de defensora de putas e rebeldes sem calças. Nem por isso, quedei-me plácida na poltrona da memória assistindo filminho atrás de filminho.
Meu filme faço-o eu mesma. Minha novela é igualmente a minha, a que eu faço, e nela sou a vilã e a mocinha.
Quando nada tenho a dizer, arranco minha língua da boca e a mostro para os visitantes. De mãos abanando ninguém sai da minha casa. E minha casa é o mundo, os ventos são meus anfitriões.
Não, não ouço vozes. As vozes que ouço são todas minhas e se chamam poesias. Minhas alucinações eu mesma as crio.
Comigo sempre há algo acontecendo. Na pior das hipóteses, comerei pudim quando deveria estar de dieta. Porque minha terra natal é pródiga em gremlins, feras cheias de dentes e duendes de jardins.
Meu lugar? Ah, não sei qual é. Sei que pago para estar onde estou e onde estou é e para sempre será exatamente onde o sem sabor e sem humor não estiver. Chega de adiposidades mentais. As piores gorduras provêm não dos chocolates, mas de acreditar no estabelecido e nunca questionar o óbvio.
Que venham a mim as feras, os loucos, as crianças, os alucinados, os beatificados, os fora de mão. E que de mim fujam os chatos, amém.
Certamente, de nada adianta ser tão despachado sexualmente e tão bitolado no restante da vida.
Certamente, não vale nada a liberdade quando apenas para se seguir os caminhos que outros já fizeram.
A única coisa que realmente vale, em se tratando de vida, é criar e apostar vivendo. Que me esquartejem os desejos e me esculhambem os cupins. Eu posso.
Se estiver sozinha, mas me mantiver bravia, a vida ainda assim, fará sentido. Não é a companhia o que me falta. O que me falta é a paciência pra lidar com tanta mediocridade. O que me falta é saco pra aturar tanta falta de imaginação.
Falta-me amor? Não, amor não me falta. Falta é um pouco dessa matéria que faz explosões e revoluções. Falta é um pouco de calor. Calor eu faço quando me movimento. Em suma, posso perfeitamente estar só. Contanto que ardente.
Posso não saber o que quero, mas sei direitinho o que não quero.
Não quero nem a menor nem mais remota proximidade com quem acha elegante o tailleur bege, que faz questão de ter conjunto de sapato e bolsa, que o comprimento da saia ou do cabelo tem de ser de acordo com a idade da pessoa.
Tenha santa paciência. Meu desejo é meu, antes de tudo e sobre tudo. Não uso calcinha todos os dias. E não to nem aí pro fato de se isso é de acordo ou não com a minha idade ou posição social.
Já passei da idade de carregar bandeiras e todo mundo já entendeu que sou uma metamorfose ambulante, além de defensora de putas e rebeldes sem calças. Nem por isso, quedei-me plácida na poltrona da memória assistindo filminho atrás de filminho.
Meu filme faço-o eu mesma. Minha novela é igualmente a minha, a que eu faço, e nela sou a vilã e a mocinha.
Quando nada tenho a dizer, arranco minha língua da boca e a mostro para os visitantes. De mãos abanando ninguém sai da minha casa. E minha casa é o mundo, os ventos são meus anfitriões.
Não, não ouço vozes. As vozes que ouço são todas minhas e se chamam poesias. Minhas alucinações eu mesma as crio.
Comigo sempre há algo acontecendo. Na pior das hipóteses, comerei pudim quando deveria estar de dieta. Porque minha terra natal é pródiga em gremlins, feras cheias de dentes e duendes de jardins.
Meu lugar? Ah, não sei qual é. Sei que pago para estar onde estou e onde estou é e para sempre será exatamente onde o sem sabor e sem humor não estiver. Chega de adiposidades mentais. As piores gorduras provêm não dos chocolates, mas de acreditar no estabelecido e nunca questionar o óbvio.
Que venham a mim as feras, os loucos, as crianças, os alucinados, os beatificados, os fora de mão. E que de mim fujam os chatos, amém.
Certamente, de nada adianta ser tão despachado sexualmente e tão bitolado no restante da vida.
Certamente, não vale nada a liberdade quando apenas para se seguir os caminhos que outros já fizeram.
A única coisa que realmente vale, em se tratando de vida, é criar e apostar vivendo. Que me esquartejem os desejos e me esculhambem os cupins. Eu posso.
Se estiver sozinha, mas me mantiver bravia, a vida ainda assim, fará sentido. Não é a companhia o que me falta. O que me falta é a paciência pra lidar com tanta mediocridade. O que me falta é saco pra aturar tanta falta de imaginação.
Falta-me amor? Não, amor não me falta. Falta é um pouco dessa matéria que faz explosões e revoluções. Falta é um pouco de calor. Calor eu faço quando me movimento. Em suma, posso perfeitamente estar só. Contanto que ardente.
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