Sinto ciúmes de você. Ciúmes- palavra que cabe em todas as línguas e que igualmente mata em todas as cores.
Dizem ser um monstro de olhos verdes. Não creio. Qual é a cor dos pântanos? A cor do sufocamento? A cor do abandono?
A cor sem cor da morte. A morte aos pouquinhos. Quando se abrem os braços, quando os olhos endistanciam presenças. O pensamento encorpa águas e sereias malvadas cujos cantos têm o poder de roubar os corações.
O que dizer sobre o ciúme? O que nos enche de palavras cujo sentido se perde ao alcançar o ouvido do outro?
O ciúme é a palavra inútil, esvaziada de suas possibilidades. Sons que se atropelam e extinguem todos os significados.
A pedra no peito que viaja até a língua inutilmente. O gesto que foge do próprio corpo que o executa. A presença que se desfaz como fumaça por mais pedra madeira ou papel que seja.
Eis um monstro que tem uma cara boa e um sorriso irresistível- posto que assim o sejam todos os que traem. E tem a lógica própria dos pesadelos quando surgem nos olhos despertos.
De quem se sente ciúme, se para cada instante de existência, o ciumento se perde de si mesmo? Desfaz sua história, desmancha sua cama, enforca-se nos lençóis antes macios daquilo conhecido como amor?
O ciúme mora num lugar de fim do mundo e não há como se crer possível voar com tamanho peso. O ciúme é o medo sem a poesia das lágrimas. É sempre uma imensidão constituída de nadas e ferocidades cegas.
A única coisa que se vê, por este ponto de vista sempre desesperado, é o corpo do outro, o amado, desejando e sendo desejado por alguém que não somos nós. O relógio pára naquele exato minuto que se percebe que nunca mais se será feliz.
Falar sobre o ciúme é necessariamente falar sobre o lado mais sombrio da alma e o mais feio companheiro do amor. Contra ele nada se pode. É a luta inglória contra o leão e uma fuga igualmente sem efeito. Pensando bem, quem dera que o ciúme fosse como os leões e tivesse um corpo fora de nós, uma existência de savanas. Mas não. Meu ciúme sou eu. Contra mim, nada posso. De mim, jamais a fuga é completa. Sentimento sempre selvagem e deslocado nas modernas urbanidades.
Não se escolhe vivê-lo. Ele é quem nos encontra e faz com que a cada pensamento ilumine uma traição. Maldita luz que desencava de vez a nossa permanente incompletude. Dele me escondo e faço de conta liberdades que jamais senti ou vivi. Talvez assim, iludindo a mim mesma, consiga dele me livrar. Quem sabe.
Dizem ser um monstro de olhos verdes. Não creio. Qual é a cor dos pântanos? A cor do sufocamento? A cor do abandono?
A cor sem cor da morte. A morte aos pouquinhos. Quando se abrem os braços, quando os olhos endistanciam presenças. O pensamento encorpa águas e sereias malvadas cujos cantos têm o poder de roubar os corações.
O que dizer sobre o ciúme? O que nos enche de palavras cujo sentido se perde ao alcançar o ouvido do outro?
O ciúme é a palavra inútil, esvaziada de suas possibilidades. Sons que se atropelam e extinguem todos os significados.
A pedra no peito que viaja até a língua inutilmente. O gesto que foge do próprio corpo que o executa. A presença que se desfaz como fumaça por mais pedra madeira ou papel que seja.
Eis um monstro que tem uma cara boa e um sorriso irresistível- posto que assim o sejam todos os que traem. E tem a lógica própria dos pesadelos quando surgem nos olhos despertos.
De quem se sente ciúme, se para cada instante de existência, o ciumento se perde de si mesmo? Desfaz sua história, desmancha sua cama, enforca-se nos lençóis antes macios daquilo conhecido como amor?
O ciúme mora num lugar de fim do mundo e não há como se crer possível voar com tamanho peso. O ciúme é o medo sem a poesia das lágrimas. É sempre uma imensidão constituída de nadas e ferocidades cegas.
A única coisa que se vê, por este ponto de vista sempre desesperado, é o corpo do outro, o amado, desejando e sendo desejado por alguém que não somos nós. O relógio pára naquele exato minuto que se percebe que nunca mais se será feliz.
Falar sobre o ciúme é necessariamente falar sobre o lado mais sombrio da alma e o mais feio companheiro do amor. Contra ele nada se pode. É a luta inglória contra o leão e uma fuga igualmente sem efeito. Pensando bem, quem dera que o ciúme fosse como os leões e tivesse um corpo fora de nós, uma existência de savanas. Mas não. Meu ciúme sou eu. Contra mim, nada posso. De mim, jamais a fuga é completa. Sentimento sempre selvagem e deslocado nas modernas urbanidades.
Não se escolhe vivê-lo. Ele é quem nos encontra e faz com que a cada pensamento ilumine uma traição. Maldita luz que desencava de vez a nossa permanente incompletude. Dele me escondo e faço de conta liberdades que jamais senti ou vivi. Talvez assim, iludindo a mim mesma, consiga dele me livrar. Quem sabe.
Um comentário:
oi querrida! Eu escrevi um conto meio engraçado sobre o Josué, que morre de ciúme de Idalina, mulher de generosas curvas, só porque ela é tão... tão.. Idalina! Tô te mandando o conto por e mail. bjos mis
Postar um comentário